Ataques no Niassa: Governo promete reforçar segurança
20 de maio de 2025"O Governo está a envidar todos os esforços para o estabelecimento da segurança e paz na Reserva Especial do Niassa e esperamos que brevemente possamos recuperar a época de caça desportiva (...), por isso mesmo estamos a fazer todo o esforço para que possa trazer benefícios tanto fiscais e também lucros para os operadores", refere-se numa nota divulgada hoje pela Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), que cita o secretário de Estado da Terra e Ambiente, Gustavo Sobrinho Dgedge.
Em causa estão ataques contra a Reserva Especial do Niassa (REN) por supostos rebeldes, que causaram dois mortos e dois desaparecidos. Contudo, o Estado Islâmico reivindicou nos últimos dias, pelos seus canais de propaganda, três mortos num ataque naquela província.
O acampamento de caça desportiva de Mariri, área com 42 mil quilómetros de terra em oito distritos, incluindo Mbamba, que abrange também a província de Cabo Delgado, foi invadida por homens armados na tarde de 29 de abril, segundo relatos locais. Tratou-se do segundo caso de alegadas movimentações terroristas na REN, tendo o primeiro sido registado em 24 de abril.
Preocupação
O secretário de Estado da Terra e Ambiente visitou segunda-feira um fiscal da REN internado numa unidade sanitária em Maputo, após ter sido ferido a tiro no último ataque à Reserva Especial de Niassa, tendo pedido a todos os fiscais "prontidão e espírito combativo" na proteção da biodiversidade.
"Nós como Governo de Moçambique estamos também preocupados com a situação que está acontecer na reserva e temos esperança que as nossas Forças de Defesa de Segurança estão a fazer todos esforços para pôr a normalidade. Brevemente vamos ter um encontro com os operadores e faremos uma visita a Niassa para traçarmos estratégias juntos com os operadores e manter o funcionamento pleno da reserva", acrescenta-se na nota, que cita Gustavo Sobrinho Dgedge.
Deslocados internos
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima que quase 2.100 pessoas fugiram de duas aldeias devido a recentes ataques de grupos armados numa área protegida no norte de Moçambique.
De acordo com o mais recente relatório de campo daquela agência das Nações Unidas, com dados até aos primeiros dias de maio, "os ataques e os crescentes receios de violência" na província causaram a fuga de pelo menos 2.085 pessoas dos distritos de Macalange e Mbamba, na província de Niassa.
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, garantiu recentemente que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão a alcançar os objetivos na perseguição de supostos rebeldes que atacaram a Reserva Especial do Niassa.
"Neste momento houve estes ataques, mas nós estamos a trabalhar com as FDS, que estão no terreno a perseguir os terroristas e os desenvolvimentos que temos é que realmente as nossas FDS estão a atingir os objetivos", declarou Daniel Chapo.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos em Cabo Delgado, província moçambicana enfrenta esta insurgência desde 2017, um aumento de 36% face ao ano anterior, indicam dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.