Ataque israelita no Qatar: ONU em reunião de emergência
10 de setembro de 2025O ataque aéreo israelita desta terca-feira (09.09) fez aproximadamente seis mortos, de acordo com o movimento islamita palestiniano Hamas e as autoridades cataris.
Em conferência de imprensa na noite de ontem, o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed Bin Abdulrahman al Thani, disse que o país tem o direito de responder a esta "agressão flagrante" de Israel.
E al Thani avisa: "O Estado do Qatar afirma que não irá tolerar qualquer violação da sua soberania ou integridade territorial. Responderá firmemente a qualquer violação ou ataque imprudente que ameace a sua segurança e a estabilidade da região”.
O primeiro-ministro considerou o ataque um ato de "terrorismo de Estado" que "viola as leis internacionais” e lançou duras críticas ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
"Acreditamos que chegámos hoje a um momento crucial. Deve haver uma resposta de toda a região a tais ações bárbaras, que refletem apenas a selvajaria deste indivíduo que está a levar a região a um nível que, infelizmente, não pode ser reparado", mobiliza o chefe de Governo.
Para al Thani "é impossível operar dentro de sistemas, estruturas e leis internacionais que ele desconsiderou por completo”.
Negociações podem estar em risco
O primeiro-ministro do Qatar negou ainda que os EUA tenham informado previamente sobre o ataque israelita, apontando que as autoridades norte-americanas notificaram o Qatar dez minutos depois.
Juntamente com os EUA e o Egito, o Qatar tem sido um mediador fundamental entre Israel e o Hamas. Agora, as negociações podem estar em risco. Ainda assim, Al Thani sublinhou que o Qatar "não tem poupado esforços e fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir a guerra em Gaza.”
Já o primeiro-ministro de Israel defendeu ontem que o ataque em Doha "poderá abrir caminho para o fim da guerra” na Faixa de Gaza, se o Hamas aceitar a proposta norte-americana de cessar-fogo.
"Israel aceitou os princípios, as propostas apresentadas pelo Presidente Trump para pôr fim à guerra, começando pela libertação imediata de todos os nossos reféns, que estão presos nas masmorras de Gaza há 700 dias. Se a proposta do Presidente Trump for aceite, a guerra pode terminar imediatamente. Podemos começar novamente a procurar a expansão da paz na nossa região para o benefício de todos”, disse.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, demarcou-se do ataque israelita no Qatar – que classificou como um "incidente lamentável" - e disse ter manifestado desagrado diretamente ao primeiro-ministro israelita.
"Não estou propriamente contente com toda esta situação. Queremos os reféns de volta, mas não estamos satisfeitos com a forma como tudo aconteceu", garantou Trump.
O ataque israelita em Doha foi condenado pela Liga Árabe e vários países como a Alemanha, Reino Unido, França e Espanha. Teme-se agora que tenha aberto um novo capítulo no conflito no Médio Oriente.