As duas versões sobre o ataque à sede da RENAMO em Nacala
29 de julho de 2025Afinal, o que aconteceu, na semana passada, em Nacala, na sede da delegação política distrital da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO)? Até hoje, há versões diferentes sobre o sucedido.
Testemunhas locais relatam que um grupo de supostos membros da RENAMO teria reagido a um 'falso alarme', deslocando-se de Nampula para Nacala com a intenção de retomar a sede do partido, que estaria ocupada por ex-guerrilheiros insatisfeitos com a liderança de Ossufo Momade.
Um membro da RENAMO, que pede o anonimato por medo de represálias, diz que o grupo chegou à sede da delegação política distrital de Nacala na manhã de quarta-feira, 23 de julho. "Vimos um carro cheio de malfeitores, uma média de 20 pessoas, mascarados, com catanas, machados e outros materiais criminosos", disse.
"Logo que chegaram, todos eles saltaram do carro e começaram a catanar-nos. Mesmo pessoas que não estavam na delegação, ao passar na estrada, era catanada. Então, lá houve três mortos e oito pessoas feridas", acrescenta.
"Corpo continua desaparecido"
Martinho Balança diz que o seu irmão estava na sede da RENAMO naquele dia. Desde então, está desaparecido. Martinho acredita que o pior aconteceu: "Eu perdi o meu irmão", diz.
"Ele era guarda [e membro] do partido RENAMO, e nessa ocorrência ele estava ali de serviço."
Assim que recebeu a notícia, Martinho e parte da família dirigiram-se à sede do partido, mas não estava lá o irmão.
"Fui ao SERNIC participar o caso, mas disseram-se que tinha de ir a um comando policial próximo. Fui ao Comando e o oficial do dia aconselhou-me que deixasse os meus dados na garantia de me comunicarem qualquer novidade. Fui à casa mortuária. Ainda não me ligaram e o corpo continua desaparecido", conta.
A segunda versão
Em Nampula, a DW tentou por várias vezes contactar a delegação da RENAMO, mas não foi possível obter uma reação. Numa entrevista ao canal privado moçambicano STV, o porta-voz nacional do partido, Marcial Macome, confirmou o ataque à sede da delegação política distrital de Nacala, mas atribuiu a autoria a antigos guerrilheiros descontentes com a liderança do partido.
Essa é a outra versão sobre o sucedido.
A Polícia da República de Moçambique em Nampula, através do seu porta-voz Dércio Samuel, também confirma o ataque, mas nega a existência de vítimas mortais.
"Daquilo que houve [no dia 23], não tivemos registos de óbitos, nem de detidos. Daquelas pessoas que foram socorridas ao hospital, tivemos sete feridos. Quem decreta o óbito é o hospital, isso não cabe à polícia", frisou Samuel.