Arrancam negociações entre Irão e EUA sobre acordo nuclear

As negociações entre o Irão e os Estados Unidos sobre o programa nuclear arrancaram, este sábado (12.04), em Omã, após ameaças de uma operação militar dos EUA caso as conversações fracassem.

Em declarações este sábado, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano disse que esta ronda de negociações "não deve ser longa”.

"Este é apenas um começo (...), não esperamos que esta ronda de negociações seja muito longa", disse Esmail Baghai à televisão estatal, acrescentando que os dois lados estiveram a trocar as "suas posições de princípio", através de um intermediário de Omã.

Segundo fonte de Omã, as breves conversações que hoje decorreram foram "realizadas numa atmosfera cordial. As negociações devem continuar na próxima semana.

O Presidente norte-americano Donald Trump surpreendeu ao anunciar na segunda-feira a realização destas conversações, após semanas de guerra de palavras entre os dois países, que não mantêm relações diplomáticas há 45 anos.

Tratam-se das primeiras conversações a este nível entre os dois países inimigos desde que os EUA se retiraram em 2018, durante a primeira presidência de Donald Trump, de um acordo celebrado em 2015 entre o Irão e as grandes potências para supervisionar o seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções.

Conversações diretas ou indiretas?

A duração e o formato das negociações permanecem incertos: a Casa Branca afirma que serão negociações diretas "na mesma sala", enquanto o Irão fala de conversações através da intermediação de diplomatas de Omã.

Segundo o porta-voz da diplomacia do Irão, Ismail Baghaei, as equipas de negociação vão reunir-se em duas salas separadas e "trocarão os seus pontos de vista e posições através do ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr bin Hamad al Busaidi".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araqchi, lidera a equipa de negociação do Irão, enquanto os Estados Unidos são representados pelo enviado para o Médio Oriente, Steve Witkoff.

Irão procura acordo "justo"

Na chegada a Mascate, esta manhã, o iraniano Abbas Araqchi afirmou que procura "um acordo justo e honroso a partir de uma posição de igualdade" e que, se a posição dos EUA for semelhante, "haverá a possibilidade de um entendimento inicial que levará a um caminho de negociações".

O diplomata veterano, que esteve envolvido no acordo nuclear de 2015, também insistiu que só negociará a questão nuclear, o que deixaria de fora o programa de mísseis do Irão e o apoio de Teerã a grupos regionais como os houthis no Iêmen e o Hezbollah no Líbano.

Em declarações, na sexta-feira (11.04), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, insistiu que o objetivo final das negociações com Teerão é "garantir que o Irão nunca poderá obter uma arma nuclear", afirmou Leavitt, adicionando que a República Islâmica precisa de fazer uma escolha, entre "aceitar as exigências do Presidente Trump ou o inferno".

O Presidente Donald Trump adotou uma política de "pressão máxima" contra o Irão e impôs novas sanções contra o seu programa nuclear e o setor petrolífero.