Anunciado acordo para formação de novo Governo alemão
9 de abril de 2025O próximo líder da Alemanha, o conservador Friedrich Merz, prometeu hoje "fazer o país avançar novamente", com investimentos na economia e na defesa, ao apresentar o acordo de coligação que permitirá formar Governo no início de maio.
Merz deverá assumir a liderança da maior economia da Europa numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desencadeou uma guerra tarifária e suscitou profundos receios quanto aos futuros laços de segurança transatlânticos.
Questionado numa conferência de imprensa se tinha uma mensagem para Trump, Merz prometeu em inglês que o país cumprirá as suas obrigações em matéria de defesa e reforçará a sua competitividade económica.
"A Alemanha está de novo no bom caminho", asseverou.
Após a vitória eleitoral da sua aliança CDU/CSU, em fevereiro, Merz chegou a acordo para formar um novo Governo com os sociais-democratas de centro-esquerda (SPD) do atual chanceler interino Olaf Scholz.
"O acordo de coligação é um sinal de um novo começo para o nosso país", disse Merz, cujo partido venceu as eleições com 28,5% dos votos. A Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, ficou em segundo lugar.
No seu acordo de coligação de 144 páginas, os dois grandes partidos centristas prometeram aumentar "significativamente" as despesas com a defesa face a preocupações crescentes sobre o compromisso dos EUA com a segurança europeia durante a administração de Trump.
Os partidos alemães afirmaram ainda que Berlim continuará a apoiar a Ucrânia enquanto os Estados Unidos tentam mediar um acordo para acabar com a guerra iniciada pela invasão em grande escala da Rússia, há mais de três anos.
"Prestaremos um apoio abrangente à Ucrânia para que se possa defender efetivamente contra o agressor russo e se possa afirmar nas negociações", refere o acordo de coligação.
Ao apresentar o documento, Merz prometeu encetar reformas "para manter a Alemanha estável, torná-la mais segura e economicamente mais forte", acrescentando que "a Europa pode confiar na Alemanha".
Novo Governo vai endurecer políticas contra migração ilegal
O período que antecedeu as eleições de fevereiro foi marcado por um forte debate sobre migração e por um aumento do apoio à Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, que obteve um recorde de 20% dos votos.
Esta quarta-feira, Merz afirmou que o seu Governo iria "acabar em grande parte com a migração irregular", prometendo controlos fronteiriços apertados e uma "ofensiva de repatriamento" dirigida a quem se encontra ilegalmente no país.
O acordo de coligação, elaborado durante uma maratona de conversações, prevê medidas destinadas a travar a migração ilegal na Alemanha, incluindo a rejeição de requerentes de asilo nas fronteiras, permitindo deportações para a Síria e suspendendo os reagrupamentos familiares.
Os partidos querem suspender o reagrupamento familiar para as pessoas que têm o chamado estatuto de proteção subsidiária durante dois anos e acabar com todos os programas federais de admissão de refugiados, segundo o acordo da coligação apresentado em Berlim.
O futuro Governo pretende deportar pessoas para a Síria e para o Afeganistão, começando pelos criminosos e pessoas potencialmente perigosas. Abolirá ainda a "turbo naturalização" dos migrantes após três anos de permanência, mas manterá as reformas introduzidas à lei da nacionalidade pelo Governo anterior.
Mais apoios aos militares
A Alemanha realizou eleições gerais em 23 de fevereiro, após o colapso da coligação tripartida de Scholz em 6 de novembro, no mesmo dia em que Trump foi reeleito para a Casa Branca.
Após a votação, Merz também prometeu medidas para reforçar as Forças Armadas alemãs, há muito subfinanciadas, e para reanimar a sua economia, que regrediu durante dois anos consecutivos.
Merz garantiu uma grande capacidade financeira para os seus ambiciosos planos, depois de o Parlamento cessante ter aprovado centenas de milhares de milhões de euros em despesas adicionais e uma flexibilização das regras rigorosas da dívida alemã.
A AfD acusou-o de quebrar as promessas de campanha e ceder às principais exigências do SPD.
O apoio à AfD tem continuado a aumentar desde as eleições. Na quarta-feira (09.04), uma sondagem do Instituto Ipsos classificou-a como o partido mais popular da Alemanha, com 25%, um ponto à frente da CDU/CSU.