Angola: Novo terminal resolve a escassez de combustíveis?
10 de fevereiro de 2025O Terminal Oceânico da Barra do Dande, o maior centro de armazenamento de derivados de petróleo de Angola, começou a operar esta segunda-feira (10.02). A infraestrutura, inaugurada pelo Presidente João Lourenço, tem capacidade inicial para armazenar 580 mil metros cúbicos de combustíveis, mas poderá ser ampliada para mais de 728 mil metros cúbicos.
Construído numa área de 390 hectares, o terminal conta com 19 tanques e teve um custo de 642 milhões de dólares. Para os moradores da província do Bengo, principalmente os automobilistas, o projeto traz benefícios diretos.
"Me deixa feliz, mais uma fonte petrolífera de que todos nós vamos beneficiar, principalmente os que têm um meio rolante", disse um citadino. Outro morador destacou o impacto positivo para o setor dos transportes: "Com essa notícia, vai melhorando muito no estado de combustíveis para nós taxistas, assim como para os que compram e vendem".
Avanço ou solução temporária?
O Presidente João Lourenço classificou o terminal como um "grande avanço" para o país e garantiu que, dentro de dois anos, com a entrada em funcionamento da Refinaria do Lobito, a escassez de combustíveis será resolvida.
"Com as obras da refinaria do Lobito, aí sim, poderemos dizer que, em termos de autossuficiência na produção de combustíveis, estaremos bem", afirmou.
No entanto, especialistas defendem que a construção de novos reservatórios não basta para garantir o abastecimento regular de combustíveis no país. O docente universitário Amílcar de Armando alerta para a necessidade de investir na refinação.
"Nós vemos que em Luanda, regularmente, falta combustível nas bombas. Quem tem carro sabe disso. Portanto, se Luanda tem este problema, o reservatório, por mais que seja grande, não vai resolver a escassez. Porque o problema está nos refinados, nos lubrificantes. Portanto, só com refinarias a funcionar é que teremos, talvez, o problema resolvido", explicou.
Contrabando de combustíveis preocupa
Outro desafio do setor petrolífero em Angola é o contrabando de combustíveis. O Presidente da República reconhece que o combate a este crime ainda enfrenta dificuldades.
"É uma triste realidade. Infelizmente, já se tem feito combate ao contrabando de combustível, talvez não o suficiente. Vamos continuar nesta luta até que consigamos debelar de uma vez por todas este mal para a nossa economia", declarou João Lourenço.
O professor Ferraz André reforça a necessidade de garantir que os benefícios da nova infraestrutura sejam acessíveis a toda a população.
"É importante que olhemos e cuidemos desta infraestrutura, vamos protegê-la. Agora, as entidades devem ter noção de que esta não é mais uma daquelas infraestruturas para o benefício de um pequeno grupo, mas sim para servir o país e não só", concluiu.