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Angola: Planos integrados são "fuga às eleições autárquicas"

23 de novembro de 2022

Plano integrado para Luanda, aprovado pelo Governo, é uma "fuga" às autárquicas, diz ativista à DW África. Já politólogo alerta para falta de investimento em infraestruturas no sentido da implementação das autarquias.

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Foto: Borralho Ndomba/DW

O Plano Integrado de Intervenção dos Municípios (PIIM) para a província de Luanda prevê a construção de escolas, hospitais, melhorias no fornecimento de água potável e luz elétrica, saneamento básico e mobilidade, entre outros. O projeto deverá estender-se às restantes 17 províncias angolanas, mas não é consensual.

Fernando Sakwayele, ativista e membro do Movimento Jovens pelas Autarquias, não tem dúvidas: o plano integrado de intervenção é "uma fuga às eleições autárquicas", ainda sem data marcada.

"Na medida em que o programa integrado é um programa quinquenal e o mandato do Presidente da República [João Lourenço] indicado para possivelmente efetivar o poder local também é quinquenal", explica. "Isso significa que, até ao presente momento, as intervenções do Executivo, na esfera provincial, ao longo deste mandato, serão feitas no âmbito do plano integrado e isso deixa pouca margem para as autarquias locais", critica.

Angola | Polizeigewalt
Plano Integrado de Intervenção dos Municípios para a província de Luanda prevê construção de hospitaisFoto: Adolfo Guerra/DW

Para Fernando Sakwayele, o Presidente João Lourenço devia deixar de olhar apenas para as disputas partidárias e passar a ouvir os angolanos. "As inspirações da cidadania impelem-nos para a direção da efetivação do poder local, de modo a que se permita que o cidadão participe da execução das soluções que apoquentam os seus municípios e não esses paliativos que se fazem através do plano integrado", considera.

Falta de estratégia?

Segundo o politólogo Agostinho Sicatu, diretor do Centro de Estudos e Debates Académicos, o Estado deve ter uma estratégica clara na aplicação dos valores dos planos integrados.

"Seria bom que o Estado pudesse aplicar estes planos integrados no intervalo das autarquias", comenta. 

Der angolanische Analyst Agostinho Sicatu
Agostinho Sicatu, diretor do Centro de Estudos e Debates AcadémicosFoto: Manuel Luamba/DW

"Se o Governo entender que as autarquias não são para todo o território, que são escolhidos alguns municípios, então, nesse caso, os municípios que estiverem a aguardar a sua vez para a implementação, enquanto se verifica o ensaio de outros municípios, poderiam beneficiar-se deste dito plano", sugere.

Agostinho Sicatu defende ainda que o Governo deveria preocupar-se com a situação das infraestruturas onde vão funcionar as autarquias.

"Até onde se sabe, apenas 36 infraestruturas estão em construção. Isso denota claramente que se estão a fazer desperdícios", lamenta. 

"O melhor seria implementar as autarquias em todo país na medida em que se vão ensaiando as transferências de poder", conclui.

Manuel Luamba Correspondente da DW África em Angola
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