Angola rumo à cimeira dos BRICS no Brasil
5 de julho de 2025Antes da partida para o Rio de Janeiro, onde participa na cimeira dos BRICS, o Presidente de Angola, João Lourenço, recebeu cumprimentos de despedida da vice-Presidente Esperança da Costa, ministros de Estado e outras entidades governamentais.
Já o chefe da diplomacia angolana, Téte António, chegou ao Rio de Janeiro na noite de sexta-feira, noticiou a imprensa angolana.
A cimeira realiza-se nas margens da Baía de Guanabara, sob liderança do Presidente Lula da Silva, reunindo líderes e altos representantes dos países-membros, com forte aparato de segurança e logística.
Putin e Xi ausentes
Entretanto, três líderes não marcarão presença na cimeira dos BRICS: Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China) e Abdel Fattah al-Sisi (Egipto). Putin enfrenta um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional, o que, em teoria, obrigaria o Brasil a detê-lo.
O Brasil assume este ano a presidência rotativa do bloco, que desde 2023 inclui novos membros: Arábia Saudita, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irão e Indonésia, juntando-se aos fundadores Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A agenda da cimeira este ano inclui temas como saúde global, comércio, mudanças climáticas, inteligência artificial, reforma da ordem multilateral e o fortalecimento institucional do grupo.
O destaque da cimeira é a inédita participação da sociedade civil, com apelos para que o Novo Banco de Desenvolvimento financie a industrialização do Sul Global.
Espera-se ainda que os BRICS critiquem a guerra comercial promovida pelos EUA sob Donald Trump, que ameaçou impor tarifas de 100% aos países que desafiem o domínio internacional do dólar.
Segundo a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (conhecido como Banco do BRICS, sedeado em Xangai) "tarifas, sanções e restrições financeiras estão a ser usadas como instrumentos de submissão política", disse ela.
Sul Global
Criado para reequilibrar a ordem mundial a favor do Sul Global, o grupo BRICS representa cerca de metade da população mundial e 40% do PIB global.
Um dos principais desafios do bloco, porém, tem sido construir consensos políticos. Um exemplo disso é o impasse sobre a guerra entre Israel e o Hamas. Segundo fonte da agência AFP, não houve acordo sobre como o conflito será abordado na declaração final.
Em abril, chefes de diplomacia do grupo defenderam a solução de dois Estados. No entanto, após novos confrontos entre Israel e o Irão — também alvo de ataques dos EUA — posições mais duras emergiram, especialmente por parte do Irão e seus aliados.
Para além da política, os BRICS procuram reforçar o seu peso económico, tentando há anos criar uma alternativa ao dólar nas trocas comerciais internas.
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, tem sublinhado a importância de um mecanismo com estas características, reconhecendo no entanto o momento "complicado" devido a "problemas políticos".