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Angola: "O estado da Justiça não é bom", dizem magistrados

1 de março de 2023

Dezenas de juízes e magistrados do Ministério Público saíram às ruas de Luanda para protestarem, em silêncio, contra a "má fase" que a Justiça angolana está a atravessar.

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Foto: DW/C.V. Teixeira

A cerimónia de abertura do ano judicial estava prevista para esta quarta-feira (01.03), mas foi adiada, sem nova data.

Todos os anos, repetem-se na cerimónia as críticas de sempre: a morosidade da Justiça, as más condições de trabalho e a falta de juízes e procuradores para acudir à quantidade de processos.

No entanto, este é um ano atípico. Em vez da cerimónia de abertura do ano judicial, a juíza presidente do Tribunal de Contas, Exalgina Gambôa, foi constituída arguida por suspeitas de corrupção, tendo apresentado a demissão. E houve protestos dos magistrados nas ruas de Luanda.

Protesto em Luanda

Em silêncio, juízes e magistrados do Ministério Público pediram melhores condições de trabalho, nos gabinetes e nas salas.

Para o presidente da Associação dos Magistrados do Ministério Público, Adelino Fançony, é necessário repensar o setor da justiça no país.

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"Não há, em Angola, um único tribunal que foi efetivamente criado para ser tribunal. Só isto já é um fator que deve chamar a atenção da sociedade angolana, para refletir sobre os processos", alertou Fançony.

Polémicas

A Justiça angolana está a passar por um mau momento, admitiu o presidente da Associação dos Juízes de Angola, Ismael Silva.

"O estado atual da Justiça não é bom. Carece de mais atenção", disse o magistrado aos jornalistas.

O último ano na Justiça foi recheado de polémicas.

Não só a juíza Exalgina Gambôa foi acusada de más práticas enquanto presidente do Tribunal de Contas, como também o presidente do Tribunal Supremo, o juiz Joel Leonardo, viu o seu nome envolvido em vários escândalos de corrupção, incluindo sobre a alegada venda de sentenças.

Olhando para todo este cenário, e em particular para a demissão de Exalgina Gambôa, esta quarta-feira, o jurista Agostinho Canando considera que há um descalabro no setor da justiça.

"Na qualidade de juíza presidente de um dos tribunais superiores, o Tribunal de Contas, dá a entender que o trabalho era mau feito", comenta Canando. "Em vez de apertar as contas aos indivíduos que delapidavam o erário publico, dá aqui a entender, caso isso se prove em tribunal, que eram os próprios indivíduos que controlavam as contas que não estavam com as contas em dia."

José Adalberto Correspondente da DW África em Angola
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