Angola: Jovens exigem soluções e anunciam novo protesto
16 de abril de 2025A elevada taxa de desemprego, a falta de habitação condigna, as deficiências nas infraestruturas e as dificuldades no acesso à educação continuam a marcar o quotidiano de muitos jovens angolanos. E a ausência de soluções eficazes por parte do Executivo liderado por João Lourenço preocupa várias organizações juvenis e políticas.
Francisco Teixeira, presidente do Movimento de Estudantes Angolanos (MEA), afirma que a juventude está saturada da estagnação. É por isso que foi marcado, para 26 de abril, um novo protesto em Luanda - a contestação nas ruas é um caminho necessário, comenta Teixeira.
"Nada se dá de bandeja. O espaço público não se dá, conquista-se", referiu o presidente do MEA durante uma conferência de imprensa, esta quarta-feira, na capital angolana.
Francisco Teixeira acrescenta que "mesmo com as leis que o MPLA vai criando", é preciso lutar "para exigir tudo aquilo a que temos direito. Se a lei diz que nós não precisamos de autorização para realizar um protesto, ninguém pode nos impedir de fazê-lo, porque ninguém está por cima da lei."
Jovens batem o pé: "Temos de estar em lugares de decisão"
A conferência de imprensa contou com a participação de representantes do MEA, da juventude do Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e do Bloco Democrático.
Os braços juvenis do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) não estiveram presentes.
Jaime Vunge, secretário permanente da Juventude do PRS (JURS), reconhece a importância da mobilização nas ruas, mas defende também outras formas de atuação.
"Devemos criar documentos, para não pensarem que somos jovens que apenas incentivam outros jovens a sair à rua", sugeriu Vunge, afirmando que existe um "memorando preparado, porque essa é uma forma de nos manifestarmos, apresentando em documento as maiores preocupações da juventude".
Para Nelson Manuel, secretário-geral da juventude do Bloco Democrático, é necessário que os jovens assumam um papel mais activo nas esferas de decisão, para "podermos ser também nós, todos nós, a decidir sobre o nosso futuro".
"Nós não acreditamos nas organizações instituídas, estão completamente partidarizadas", salientou.
Carlos Kassoma, secretário-geral da Juventude da FNLA (JFNLA), lamenta a falta de vontade política do partido no poder para enfrentar os desafios da população.
Kassoma questionou: "De 1975 até aqui, quantos programas trouxeram para resolver os nossos problemas? Lembram-se da frase de Agostinho Neto que dizia que o mais importante é resolver os problemas do povo? Será que esses senhores resolvem os problemas do povo?"