Angola: Escolas pedem "mais recursos" para merenda
9 de setembro de 2025A ideia do programa "alimentação escolar" do Ministério da Educação é descentralizar e melhorar o fornecimento de refeições aos alunos. O objetivo é "dar uma refeição quente" a cada um, "adequada à cultura alimentar da comunidade em que está inserido".
Sendo assim, de acordo com o Governo, os alimentos para os alunos devem ser adquiridos junto de agricultores e cooperativas locais. São os administradores municipais que passam a gerir tudo isto, explicou recentemente o diretor provincial da Educação na província do Cubango, Inácio José Samba.
"Eles é que são responsáveis por este tema da 'alimentação escolar', que no passado era denominado de 'merenda escolar'. Nós, como gabinete provincial da Educação, vamos acompanhar a implementação", afirmou.
Comunidades céticas
Alguns pais, encarregados de educação e professores temem que o novo projeto não resulte. Porque o programa que existia até agora, o "merenda escolar", foi considerado por muitos um fracasso – seja pelos poucos alunos abrangidos de facto, seja pela falta de recursos ou gestão confusa.
O professor João Samba entende, no entanto, que o sucesso do novo projeto do Governo angolano estará agora, sobretudo, nas mãos dos administradores municipais e das suas equipas.
"As aulas já começaram e o administrador deve convocar os diretores das escolas para terem um plano, porque a alimentação é a base. Se o administrador ficar a dormir à sombra da bananeira, o camaleão leva", avalia.
Investir no fundamental
O sucesso do programa é fundamental, salienta Cristo Silola, o diretor de Educação do município do Cuchi.
"Existe fome nas comunidades", frisa. "Queríamos que a merenda escolar fosse um facto, como é, mas gostaríamos que aumentassem os recursos. Às vezes, os recursos que recebemos não são satisfatórios. As empresas queixam-se."
O Governo angolano estabeleceu que, pelo menos 30% dos recursos destinados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) devem ser usados para fazer compras aos agricultores e cooperativas familiares locais. Anualmente, segundo dados da Rádio Nacional de Angola, o programa custará 450 mil milhões de kwanzas (mais de 417 milhões de euros) e deverá beneficiar mais de cinco milhões de alunos.