Angola: Deputados da UNITA vítimas de violência policial
18 de fevereiro de 2025A direção da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o principal partido da oposição em Angola, acusa a Polícia Nacional no Cuanza Norte de ter detido ilegalmente os deputados Fernando Falua e João Quipipa, do círculo eleitoral da província. Os referidos deputados foram detidos quando participavam de uma manifestação para exigir a investigação da morte de camponesas idosas na província.
Fernando Falua e Joaquim Quipipado já estão em liberdade. Os parlamentares foram soltos por decisão do juiz, após terem pernoitado nas celas do Comando Municipal de Cazengo. A Polícia Nacional deu conta, por seu lado, que os deputados em causa foram detidos por promover atos de arruaça e desordem pública.
Entretanto, uma delegação de 40 deputados do grupo parlamentar da UNITA, encabeçada pelo seu líder, Liberty Chiaka, deslocou-se na segunda-feira (17.02) à cidade de Ndalatando, no Cuanza Norte, para se solidarizar com os seus colegas de bancada e manter contato com as autoridades locais.
Falando num comício improvisado, Liberty Chiaka condenou a detenção dos seus colegas e apelou às autoridades de justiça a esclarecerem a morte das camponesas idosas na província.
"Ao povo do Cuanza Norte, [viemos] manifestar solidariedade às dezessete mamãs que foram assassinadas e também manifestar solidariedade aos deputados que foram ilegalmente detidos", afirmou Chiaka.
UNITA não desiste
Na ocasião, o líder da UNITA fez saber que o partido não vai desistir de desenvolver ações em defesa da vida e da dignidade humana.
"Nós não vamos desistir de representar fielmente o povo angolano, de defender lealmente e de forma intransigente o povo angolano", assegurou o político. "Estamos aqui para defender a vida, a liberdade e a dignidade do povo angolano", reforçou.
Nas manifestações de domingo foi igualmente detido o correspondente da DW África no Cuanza Norte. António Domingos contraria a versão da polícia de que foram convidados a seguir para a esquadra para protegê-los da fúria dos populares.
"Quando dizem que seríamos atingidos, não é verdade. A não ser que quem nos podia atingir fosse a polícia, porque estávamos ao lado dos polícias. Sentiram-se incomodados e nos trouxeram", disse Domingos.
Em comunicado, o Comando Provincial da Polícia Nacional contraria a versão da UNITA e diz que a polícia só interveio após ter sido chamada para repor a ordem pública e acabar com atos de arruaça protagonizados por um grupo de cidadãos do qual faziam parte os deputados da UNITA.