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Consumidores indignados com subida de tarifas de água e luz

14 de maio de 2025

Novas tarifas a caminho em Angola: água terá aumento de 30% e luz sobe 11,5%. Decisão do regulador já provoca indignação entre consumidores. E a ADECOR, que defende o consumidor, fala em impugnação da medida.

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A medida para aumentar os preços nas tarifas de água e luz surge numa altura em que os casos de cólera no país (foto de arquivo)
A medida para aumentar os preços nas tarifas de água e luz surge numa altura em que os casos de cólera no país (foto de arquivo)Foto: Adilson Abel Liapupula/DW

As autoridades argumentam que o aumento nos preços das tarifas de água e luza partir de junho deverá ajudar a cobrir os custos reais de produção e distribuição de água e energia elétrica.

Mas a medida está a gerar descontentamento e reações da população, com promessas da Associação de Defesa dos Consumidores de impugná-la.

O Instituto Regulador dos Serviços de Eletricidade e Água (IRSEA) espera ter maior capacidade financeira para assegurar a manutenção, modernização e expansão das redes em zonas urbanas e rurais.

Segundo o professor de matemárica, Luís Quivanga, o Governo não pode se precipitar em alterar os preços sem antes melhorar a qualidade destes serviços, sobretudo da água.

"Não se admite o tipo de água que consumimos no Município de Buco Zau em Cabinda, tem cor e cheiro, ou seja, é amarelada. Precisa-se primeiro melhorar a qualidade antes do aumento das tarifas", disse.

Com a nova tarifa de energia, uma família na categoria doméstica social I passará a pagar 379 kwanzas
Com a nova tarifa de energia, uma família na categoria doméstica social I passará a pagar 379 kwanzasFoto: Daniel Vasconcelos/DW

Custos para famílias

Uma família na categoria doméstica social, com um consumo de 0 a 5 metros cúbicos de água, que pagava em média 200 kwanzas (0,20 Euros), passará a pagar 260 (0,25 Euros), enquanto na categoria doméstica escalão II, com o consumo igual ou inferior a 10 metros cúbicos, que pagava 260 kwanzas (0,25 Euros), passará a pagar 338 (0,33 Euros).

Relativamente à eletricidade, com a nova tarifa, uma família na categoria doméstica social I, com potência contratada de 1,3 KVA, que pagava em média 291 kwanzas (0,28 Euros), passará a pagar 379 (0,37 Euros), enquanto na categoria doméstica monofásica, com a potência contratada de 6,6 KVA, que pagava 9.120 kwanzas (8,89 Euros), passará a pagar 13.516 (13,18 Euros).

O aumento, explica o economista e contabilista João Chimpolo Luzolo, precisa vir acompanhado de melhorias na qualidade dos serviços.

"Nós temos algumas zonas do país que carecem de energia elétrica. Que não se justifique o aumento destes serviços quando o fornecimento ainda é precário", disse.

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Medida

A medida para aumentar os preços nas tarifas de água e luz surge numa altura em que os casos de cólera no país, em particular em Cabinda, tem vindo aumentado, por serem provenientes de zonas onde as populações — á por falta de água potável — fazem recurso à água das cacimbas e de cisternas.

O cidadão José Sibe, 47 anos, morador do Bairro Simulambuco, relata preocupação porque, explica, "hoje água sai 10 minutos e água para de passar. [Quando] vamos reclamar, eles dizem que apenas têm um técnico".

Num comunicado, a Associação de Defesa do Consumidor (ADECOR), disse entender que o aumento das tarifas vai degradar ainda mais o poder de compra dos consumidores, beneficiando o setor o privado.

Segundo a nota, 60% da população de Luanda consome água de cisternas privadas, cuja qualidade é duvidosa e tem consequências graves de saúde pública.

À DW, Gilberto dos Santos, coordenador executivo da ADECOR, fala em impugnação da medida. "Estamos a trabalhar numa providência cautelar que será apresentada ao tribunal competente para efeito, com objetivo de levar o princípio da legalidade mediante a regulação destas tarifas", concluiu.

Simão Lelo Correspondente da DW África em Cabinda