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Angola: Cabinda sofre com falta de gás butano

25 de julho de 2025

Famílias enfrentam longas filas e preços altos devido à falta de gás. Cabinda, apesar de ser uma província rica em recursos naturais, sofre com esta escassez prolongada.

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Falta de gás em cabida
Moradores em fila à porta de uma agência de gás em Cabinda, na esperança de conseguir uma recargaFoto: Simão Lelo/DW

Cabinda enfrenta uma grave escassez de gás butano há mais de duas semanas, um problema que tem criado inúmeros constrangimentos para as famílias locais. Muitas delas recorrem a longas filas, correndo de um lado para o outro à procura do produto, enquanto outras optam por cozinhar com lenha e carvão.

A sociedade cabindense considera que a falta de gás é um reflexo das desigualdades estruturais que persistem no país, mesmo após 50 anos de independência, especialmente numa província rica em recursos naturais, como o petróleo.

Em diversos bairros, a DW constatou que a maioria das agências se encontra encerrada. Nas poucas que ainda dispõem de gás, formam-se longas filas de pessoas ansiosas por adquirir o produto.

Feliciana Pambo, de 32 anos, relatou: "Já estou há dois dias sem fazer refeição para as crianças por conta da falta de gás, então, hoje tive de faltar no serviço para procurar o produto”.

Já Mariana Josefa, jovem que procura gás há uma semana, confessou à DW: "Há quatro horas de tempo estamos aqui na fila, eles dizem que temos de aguentar e que estão a descarregar. Estamos aqui aguardando." 

Falta de gás em Cabinda
Famílias recorrem à lenha e carvão para cozinhar, devido à escassez de gás butanoFoto: Simão Lelo/DW

Preços e soluções urgentes

Com o desabastecimento, os preços do gás dispararam. Pascol Paca, que foi ao Bairro 1 de Maio, na zona da Uneca, denunciaram esquemas ilegais por parte de alguns revendedores.

"O povo cumpre a bicha mas acaba por não conseguir o gás, mas pelas ruas encontramos motoqueiros a vender o mesmo produto a um preço exorbitante e que deixa a população muito preocupada. Estão a vender a três mil kwanzas (equivalente a 1,11 euros) e no depósito preço conhecido é de mil e duzentos kwanzas (equivalente a 2,79 euros)”, revelou Pascol.

O analista João Chimpolo Luzolo alertou para as falhas sistémicas que esta crise revela: "É urgente que os governos provinciais e nacionais encarem esta crise não como algo pontual, mas como uma falha sistémica que requer soluções duradouras.”

Chimpolo acrescentou: "Cabinda merece mais. Uma província tão estratégica para o país não pode continuar a enfrentar carências tão básicas. É hora de transformar promessas em ações concretas e garantir dignidade às famílias cabindenses.”

Falta de gás em Cabinda
Mototaxistas vendem gás a preços elevados nas ruas, denunciando falhas no sistema de distribuiçãoFoto: Simão Lelo/DW

Fornecimento de gás

Atualmente, a província dispõe de duas fontes de fornecimento de gás. Uma, da responsabilidade da petrolífera Chevron, encontra-se em manutenção desde 17 deste mês, com previsão de retoma da operação para este fim de semana.

A segunda fonte de gás está também inoperacional devido a dificuldades logísticas causadas pelas condições climatéricas. Henrique Bitebe, Secretário Provincial dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, explicou: "A maré está alta e estamos com dificuldades de atracar o barco no porto de Cabinda. Em nome do governo da província de Cabinda pedimos as sinceras desculpas e tudo estamos a fazer para Cabinda voltar a ter gás.”

 

Simão Lelo Correspondente da DW África em Cabinda