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Liberdade de expressãoAngola

Angola: Analista televisivo afastado após criticar Executivo

1 de abril de 2025

Albino Pakisi confirmou o seu afastamento do espaço de análise política da TV Zimbo. O comentarista diz que deixou de ser convidado, depois de ter dito que o processo dos atos terroristas é um "teatro".

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Angola: Analista afastado da TV Zimbo após criticar caso do terrorismo
Foto ilustrativaFoto: DW/M. Sampaio

Foi através da Rádio Ecclesia que a opinião pública obteve a confirmação, pela voz de Albino Pakisi, do alegado afastamento do comentarista do espaço de análise política "Revista Zimbo", emitido aos domingos pela TV Zimbo, pondo fim aos rumores.

"Confirmo isto, exatamente. Porque quando [eu disse] que isso era um teatro, já tinha viajado para o Huambo e, então, a Revista Zimbo suspendeu-me por conta das 60 toneladas, que eu disse que era uma brincadeira, porque não havia nada", declarou Albino Pakisi à Ecclesia.

Durante o comentário na TV Zimbo, Pakisi havia dito que não havia 60 toneladas, mas sim 60 explosivos e que não seriam suficientes para explodir a Presidência da República.

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Histórico suspeito

Quem parece não ter ficado surpreendido com o afastamento é Memória Ekolica, coordenador da organização não-governamental Horizonte Media de Angola.

Para Ekolica, a estação privada tem um histórico de "apear" vozes críticas ao Executivo. Refere que outros comentadores, como o sociológo Paulo Ganga ou o economista Carlos Rosado de Carvalho, tiveram o mesmo destino que Albino Pakisi.

"A TV Zimbo não faz isso pela primeira vez e, para agravar, não tem a habilidade de comunicar ao próprio cidadão. Porque isso, também, é sinal de respeito pelos próprios telespetadores."

Afastamento é "suposição"

Em função das reações que se geraram à volta do assunto, sobretudo nas redes sociais, Albino Pakisi viu-se na obrigação de esclarecer o contexto em que as suas declarações foram feitas, através das suas redes sociais.

"O jornalista Sassembele, da Rádio Ecclesia, fez-me a pergunta, se eu tinha desaparecido do 'Revista Zimbo', em gesto de brincadeira, e eu disse que sim. Mas ao ter dito que sim, eu disse-o em forma de suposição, porque não tinha sido informado de absolutamente nada. Não sou um convidado eventual, sou um convidado residente. Entendi que, por conta daquele domingo em que disse que as 60 toneladas era um teatro, deixei de ser convidado", relata no vídeo.

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Pakisi diz ainda aguardar por uma comunicação oficial da estação, embora reconheça que a TV Zimbo "não tem qualquer obrigação de justificar quem convida ou deixa de convidar".

"Eu aguardo que a televisão, na devida altura, quando entender, diga alguma coisa, pelo menos a mim". Entretanto, Pakisi apela aos seus seguidores nas redes sociais a evitarem insultos contra a emissora.

Para o analista político Abraão Messamessa, este caso sinaliza um aumento do cerceamento da liberdade de expressão em Angola.

"Não é normal que um comentador como o Albino Pakisi, que aparecia com um contraditório muito forte na TV Zimbo, tenha sido retirado por ter criticado esses julgamentos políticos que ocorrem em Angola", conclui.

José Adalberto Correspondente da DW África em Angola
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