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MigraçãoÁfrica

Alemanha: Impacto de resultados eleitorais para os migrantes

Isaac Kaledzi
26 de fevereiro de 2025

A Alemanha mantém fortes laços com diversos países africanos. Muitos africanos esperam que a posição de Berlim em relação à migração não mude muito após as recentes eleições.

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Deutschland Berlin 2025 | CDU-Chef Friedrich Merz spricht vor Fraktionssitzung mit Medien
Foto: Markus Schreiber/AP Photo/picture alliance

Muitos africanos que vivem na Alemanha estavam ansiosos pelo resultado das eleições alemãs, depois de a migração se ter tornado um dos principais temas da campanha. Muitos temiam que a vitória da AfD, de extrema-direita, conduzisse a deportações em massa.

No entanto, Friedrich Merz, líder da aliança democrata-cristã de centro-direita (CDU/CSU), que deverá tornar-se chanceler alemão depois de o seu partido ter saído vitorioso, também adoptou uma posição dura em relação à migração.

Merz prometeu uma revisão "fundamental” das regras de asilo e um controlo permanente das fronteiras em janeiro, após o esfaqueamento fatal de duas pessoas, incluindo um menino de 2 anos, na cidade alemã de Aschaffenburg. O suspeito, um afegão de 28 anos, já estava sujeito a uma ordem de deportação.

O AfD parece estar destinado a ficar afastado das conversações sobre a coligação e o analista de política externa, Dr. Oluwole Ojewale, diz: "Penso que, em certa medida, as eleições puseram um travão à ascensão de um partido populista de extrema-direita.

A Alemanha reformou a sua lei de migração para facilitar a vinda de trabalhadores africanos qualificados e Berlim lançou uma iniciativa para encorajar os migrantes ganeses em situação irregular a repatriarem-se. A União Europeia está a apoiar esta iniciativa. Um centro de aconselhamento já ajudou mais de 5.000 migrantes ganeses a regressar ao seu país.

Samuel Ackom, um trabalhador do setor privado baseado na capital do Gana, Accra, que planeia viajar para a Alemanha para trabalhar, disse à DW que está preocupado com o facto de as oportunidades serem mais escassas desta vez.

Os africanos estão preocupados com um possível endurecimento da política migratória
Os africanos estão preocupados com um possível endurecimento da política migratóriaFoto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance

"Reparei em algumas declarações profundas. Uma delas foi dizer que, em termos de imigração, vão congelar de facto a imigração, o que vai definitivamente afetar as pessoas em África que queiram viajar para a Alemanha", conta.

Preocupação

Johnstone Kpilaakaa, cidadão nigeriano, partilha das mesmas preocupações: "Relativamente ao endurecimento das fronteiras da Alemanha, preocupa-me que isso possa afetar a migração para o país".

Kpilaakaa lembra que "muitos nigerianos viajam para a Alemanha para estudar, trabalhar ou para o reagrupamento familiar, e controlos fronteiriços mais rigorosos poderiam dificultar-lhes a tarefa".

Analistas ouvidos pela DW desdramatizam e salientam que a posição dura de Merz sobre o endurecimento das fronteiras da Alemanha tem como objetivo os migrantes irregulares, pelo que os africanos não devem entrar em pânico. No entanto, sugerem que, com o novo Governo alemão, muitos africanos sem documentos terão de procurar novos destinos na Europa.

A Alemanha mantém laços estreitos com África, com o objetivo de impulsionar a economia africana, prestar assistência em matéria de segurança e promover a boa governação.

A agência de desenvolvimento alemã, GIZ empreendeu vários projetos no continente destinados a grupos vulneráveis da sociedade e a proporcionar competências empregáveis à população jovem de África.

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África: Soluções locais

Jovens africanos como Jude Duncan, em Acra, esperam que estes apoios se mantenham sob um novo governo alemão. E ele nota: "Desde o início, é evidente que não há muito espaço para os líderes africanos em termos de ajuda e subvenções".

"O trabalho que algumas agências de desenvolvimento alemãs e instituições como a GIZ realizam aqui mostra claramente que nos é concedida uma quantidade substancial de ajuda

Contudo defende responsabilidades locais: "É importante que, no futuro, com a redução da ajuda dos EUA a África, os líderes africanos decidam trabalhar em conjunto e garantir que são criadas soluções locais para ter impacto na vida dos africanos no continente”.

O analista em política externa, o Dr. Ojewale diz que África ainda terá de esperar para ver a nova direção da Alemanha, mas prevê algumas mudanças na política em relação a África.

Uma delas será a posição e o novo papel que a Alemanha irá desempenhar na UE, em termos de uma agenda globalista, e talvez o país possa também interessar-se pelas questões que afetam África atualmente, como o conflito no Sudão e a guerra no Congo, para as quais estamos constantemente à procura de soluções”.O bloco conservador de Friedrich Merz enfrenta agora negociações de coligação. Merz está interessado em começar a trabalhar imediatamente para garantir uma coligação para formar um novo Governo.

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