Alemanha classifica partido AfD como "extremista"
2 de maio de 2025O Departamento para a Proteção da Constituição (BfV), ligado ao Ministério do Interior, classificou a Alternativa para a Alemanha como uma entidade extremista, o que deverá permitir que o partido fique sob forte vigilância das autoridades.
"A AfD representa um conceito étnico que discrimina grupos populacionais inteiros e trata os cidadãos com um historial de migração como alemães de segunda classe", disse esta sexta-feira a ministra do Interior cessante, Nancy Faeser.
"A sua atitude étnica reflete-se em declarações racistas, especialmente contra imigrantes e muçulmanos", acrescentou.
Segundo o BfV, "a agitação constante contra os refugiados e migrantes está a alimentar a disseminação e o aprofundamento de preconceitos, ressentimentos e medos em relação a este grupo de pessoas", acrescentou o BfV.
O partido já reagiu e prometeu "defender-se legalmente contra estas difamações, que são perigosas para a democracia", disseram os líderes Alice Weidel e Tino Chrupalla num comunicado citado pela agência de notícias AFP.
Um partido controverso
Nos últimos anos, o partido AfD tem sido alvo de controvérsia, com os seus dirigentes a elogiarem frequentemente o Presidente russo Vladimir Putin.
Antes das eleições parlamentares antecipadas de fevereiro deste ano, o bilionário norte-americano Elon Musk apoiou o partido, dizendo que era o único partido que "pode salvar a Alemanha".
O partido de extrema-direita fundado em 2013 obteve perto de 21% dos votos nas eleições, ficando em segundo lugar, atrás do bloco CDU/CSU de Friedrich Merz, que teve 28,5% dos votos.
No entanto, sondagens recentes indicam que a AfD está a diminuir a diferença em relação aos conservadores alemães. Uma sondagem publicada pela Forsa na semana passada coloca o partido liderado por Alice Weidel com 26% dos votos, à frente da CDU/CSU com 24%.
Cautela
Reagindo, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, foi cauteloso ao falar sobre uma possível proibição da AfD, após ser classificado como um "caso seguro de extremismo de direita".
"Acho que esse é um assunto que não deve ser apressado. Afinal, uma das coisas com a qual temos de lidar como cidadãos e políticos é o fato de que o Tribunal Constitucional rejeitou todos os pedidos recentes de proibição", lembrou.
Scholz acrescentou que a categorização deve agora ser seguida por um debate político e pela questão das consequências jurídicas.
Em termos gerais, o chanceler advertiu contra o populismo de direita, que, segundo ele, "não é um fenómeno exclusivo da Alemanha", e destacou que as mudanças levam algumas pessoas a quererem restaurar o mundo do passado.
"Isso é algo que temos que levar muito a sério", alertou