Alemanha apoia “desejo de liberdade” egípcio
3 de fevereiro de 2011Para o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, não se pode perder tempo e é preciso fazer imediatamente as mudanças necessárias no Egito:
“As grandes manifestações no Cairo e em Alexandria, que decorreram de forma pacífica, impressionaram-nos profundamente. Nós, alemães, apoiamos de forma aberta este enorme desejo de liberdade”, disse.
Mas como será feita a transição? Será que o presidente egípcio Hosni Mubarak deve abandonar imediatamente o poder, sem esperar pelas eleições presidenciais de setembro? Westerwelle é claro: “Têm de ser os egípcios a decidir como é que a mudança se fará. Têm de ser os seus líderes a dialogar para encontrar uma solução”.
Segundo o ministro alemão, a União Europeia quer ajudar o Egito na criação de estruturas jurídicas, na formação política e na organização de eleições. Westerwelle referiu ainda que Berlim está em contato permanente tanto com o governo do Cairo, como com o mais importante líder da oposição, Mohammed ElBaradei, e ainda com os islamistas.
Agir “ativamente”
No entanto, para Jürgen Trittin, chefe do grupo parlamentar do partido dos Verdes Ecologistas no Parlamento Federal, o Bundestag, isso não é suficiente:
É preciso aproveitar esta oportunidade extraordinária em que a Irmandade Muçulmana se alia a ElBaradei, um diplomata reconhecido”, afirmou. “A Irmandade parece disposta a aceitar e a integrar-se num processo democrático. É preciso apoiar ativamente tal evolução e não ficar à margem, com medo e de braços cruzados, como faz actualmente a política externa alemã”.
Segundo Trittin, Mubarak deve demitir-se e o governo alemão deveria fazer pressão para que isso acontecesse. “A União Europeia pode, por exemplo, congelar a ajuda financeira ao Egito”, explica. “Podemos suspender os fornecimentos de armas já prometidos, no valor de 75 milhões, e podemos dizer que esse dinheiro e essas armas só serão entregues quando o processo de transição estiver em curso”.
Aspetos positivos
Depois de 30 anos, deverá chegar ao fim a era Mubarak. E, de acordo com Steffen Seibert, porta voz da chanceler alemã, Angela Merkel, o Egito prestou nestas últimas décadas um bom serviço à região e a todo o mundo, que não deve ser esquecido: “O Egito vive há 30 anos em paz com Israel. Foi durante décadas uma força moderada e moderadora no Médio Oriente. Isto não é pouco numa região onde muitos chefes de Estado proclamam abertamente a luta contra Israel”.
Autor: Hainer Kiesel/Carlos Martins/Guilherme Correia da Silva
Revisão: António Rocha