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ConflitosRepública Democrática do Congo

Alemanha anuncia suspensão de novas ajudas ao Ruanda

5 de março de 2025

Alemanha anunciou a suspensão de novas ajudas ao Ruanda devido à ofensiva do M23 no leste da RDCongo, que, segundo a ONU, é apoiado por soldados ruandeses. A Alemanha segue assim os passos do Reino Unido e do Canadá.

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Ruanda Gisenyi 2025 | Kongolesische Soldaten nach Kämpfen mit M23-Rebellen
Foto: Jean Bizimana/REUTERS

O anúncio de Berlim foi feito na terça-feira (04.03). E Kigali já reagiu, criticando o posicionamento alemão – que, anualmente, investia no Ruanda cerca de 50 milhões de euros em áreas como o desenvolvimento económico, a produção de vacinas e a proteção do clima.

Serão as sanções internacionais capazes de fazer oRuanda reconsiderar o seu papel no conflito na RDC? Kigali continua a negar o seu apoio ao M23 que continua a prosperar no terreno.

À DW, Peer Schouten, especialista em conflitos em África, diz que o avanço dos rebeldes pode ser explicado pelos graves problemas internos que assolam o Exército congolês - nomeadamente a corrupção.

“Hoje temos um vasto Exército, muito mal treinado, sem muitos recursos e com um salário muito baixo, cerca de 100 dólares por mês, que nem sempre é pago porque os comandantes enchem os bolsos com esse dinheiro. Muitos soldados, quando estão no terreno, precisam de se financiar e, por isso, recorrem à população civil", nota.

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Reestruturação do Exército é a solução

No passado mês de fevereiro, teve início no país o julgamento de dezenas de soldados congoleses acusados ​​de assassinato, violação e outros crimes contra civis. As suas declarações em tribunal expuseram o mau funcionamento de um Exército, acrescenta Peer Schouten, que enfrenta também problemas logísticos.

“Se uma unidade do Exército precisa de se deslocar, muitas vezes tem de usar moto-táxis ou tem de ir a pé porque o Exército não tem veículos, ou os que existem são muitas vezes usados pelos comandantes para fins privados”, acrescenta.

Em entrevista à Reuters, Josaphat Musamba, investigador congolês de conflitos, defende que a solução passa por uma reestruturação do Exército.

“[As tropas] que permanecem nas áreas controladas pelas Forças Armadas da RDC têm de ser reestruturadas e rearmadas, mas têm também de ser integradas num sistema de informações robusto - um sistema que inclua fortes medidas de contraespionagem. Além disso, têm de ser equipadas com tecnologia que possa contrariar eficazmente a do inimigo”, defende. 

O orçamento do Governo daRDC em matéria de defesa tem vindo a aumentar desde 2023. Passou dos 371 milhões de dólares para 761, um número muito superior aos 171 milhões gastos pelo Governo do Ruanda.

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Reuters Agência de notícias