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A luta da CEDEAO pela sobrevivência com a nova liderança

Sertan Sanderson
25 de junho de 2025

A CEDEAO tem um novo líder num momento crucial para a África Ocidental. A região debate-se com vários desafios, sendo o da segurança um dos maiores cancros.

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Julius Maada Bio - Presidente da Serra Leoa
Julius Maada Bio, presidente em exercício da CEDEAOFoto: Noam Galai/Global Citizen Festival/Getty Images

O Presidente nigeriano Bola Tinubu liderou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) durante pouco menos de dois anos como presidente rotativo. Mas, nesse curto período, o principal organismo político e económico da região testemunhou alguns dos maiores desafios da sua história.

"Foi uma profunda honra e um privilégio liderar este estimado órgão e sinto-me profundamente humilhade pelo aplauso e apoio que me deram ao longo do meu mandato", disse no fim do seu mandato

Na passagem de testemundo, Tinubo afirmou: "Ao passar agora o manto da liderança ao meu grande amigo e querido irmão, Sua Excelência o Presidente Julius Maada Bio da Serra Leoa, o novo presidente da autoridade de estados e governos da CEDEAO, faço-o com um profundo sentimento de realização para o futuro da África Ocidental".

O novo líder da CEDEAO, o Presidente da Serra Leoa, Julius Maada Bio, tem claramente o seu trabalho pela frente - e sabe-o bem, pois o bloco enfrenta ameaças sem precedentes à sua integridade.

E neste contexto, Bio faz promessas: "Como presidente, darei prioridade a quatro áreas fundamentais: Primeiro, a restauração da ordem constitucional e o aprofundamento da democracia. Segundo, revitalizar a cooperação regional em matéria de segurança. Terceiro, desbloquear a integração económica. Quarto, construir credibilidade institucional. A CEDEAO deve reformar-se e tornar-se mais transparente, eficiente e capaz de responder às necessidades dos seus povos."

"A região está completamente fracturada”

Com os contínuos ataques terroristas e outras preocupações de segurança, a capacidade da CEDEAO para responder às ameaças foi ainda mais reduzida após a saída do Burkina Faso, do Mali e do Níger do bloco, sob a liderança dos respectivos governantes militares.

Beverly Ochieng, associada sénior especializada no Sahel no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), afirma que a região está completamente fracturada”.

"Temos três países que basicamente abandonaram o bloco; temos um que continua suspenso até à realização de eleições, que é a Guiné; e, de um modo geral, temos uma CEDEAO que, por vezes, se sente como se estivesse a lutar para conseguir manter um sentido de unidade para poder enfrentar alguns desses desafios como uma frente unida", sublinha. 

UE: Saída de países da CEDEAO dificulta cooperação no Sahel

Mas há mais desafios que se acumulam no gabinete do novo Presidente da CEDEAO.

A AES tem desafiado abertamente a autoridade que a CEDEAO estabeleceu na região nos últimos 50 anos e tem sido utilizada como exemplo para sublinhar as acusações de que Tinubu mostrou demasiada determinação contra os Estados do Sahel liderados por juntas durante a sua presidência da CEDEAO.

O desafio de combater o crime

O crime organizado está a aumentar na África Ocidental, tendo como pano de fundo a instabilidade política e económica, e muitas vezes atravessa várias fronteiras nacionais, com os insurgentes a misturarem-se com os criminosos.

Os raptos com pedido de resgate, o aumento da toxicodependência recreativa e o aumento das práticas mineiras ilegais realçam o crescente desespero das pessoas numa região com uma população total de 425 milhões de pessoas.

Beverly Ochieng critica o tempo de resposta da CEDEAOpara combater os problemas: "A CEDEAO e alguns dos seus departamentos falam dos níveis de criminalidade, falam das questões que afetam a criminalidade. Mas quando se trata de implementar medidas para poder contrariar alguns desses vícios, é bastante lento e burocrático".

Como um número crescente de pessoas na região parece, no entanto, estar a mostrar o seu apoio a tácticas de homens fortes em detrimento de políticas democráticas e consensuais, Bio está consciente da grande tarefa que tem pela frente no início do seu mandato.

Os cofres da CEDEAO receberam, na semana passada, uma nova injeção de dinheiro da União Europeia (UE) no valor de 126 milhões de euros - embora este montante esteja ainda longe do custo estimado de 2,26 mil milhões de euros necessários para a ativação da Força de Alerta.

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