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"A CPLP é uma organização para festas e festanças"

29 de julho de 2025

Socióloga angolana e presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos acusam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) de ignorar os seus próprios princípios fundadores e de premiar o crime autocrático.

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A cimeira da CPLP decorreu em Bissau, em 18 de julho, com a presença de seis presidentes
Cimeira da CPLP decorreu em Bissau, em 18 de julho, com a presença dos presidentes da Guiné-Bissau (Umaro Sissoco Embaló), de Moçambique (Daniel Chapo), de Cabo Verde (José Maria Neves), de São Tomé e Príncipe (Carlos Manuel Vila Nova), de Timor-Leste (José Ramos-Horta) e do Senegal (Bassirou Diomaye Faye)Foto: Djariatú Baldé/DW

A cimeira da CPLP que decorreu na Guiné-Bissau, a 18 de julho, decorreu num contexto de forte contestação interna e continua a gerar críticas.

Até hoje, defensores dos direitos humanos questionam o porquê de entregar a presidência rotativa do bloco lusófono a um país onde os principais órgãos de soberania estão caducos. As denúncias de repressão e violações dos direitos fundamentais são constantes.

Para a socióloga angolana Luzia Moniz, a escolha de Bissau como palco do encontro não surpreendeu. Moniz considera que a CPLP nasceu com vícios de origem: "A CPLP serve como palco de vaidades e até como instrumento para branquear a imagem de líderes autoritários. Como aconteceu agora com Embaló. A CPLP é uma organização para festas e festanças."

"Uma organização moribunda"

Bubacar Turé, presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, acusa a organização de não refletir os anseios dos povos que a compõem.

"A CPLP é uma organização moribunda e uma organização que não reflete os anseios dos povos que fazem parte desta comunidade. Uma organização que tem ignorado os seus próprios valores democráticos, o Estado de Direito, e tem tido posturas de dois pesos, duas medidas", critica.

Reflexões Africanas: Desafios e perspetivas da CPLP

O ativista denuncia a violação sistemática dos princípios fundadores da CPLP e acusa a organização de manter um "silêncio ensurdecedor" perante esses abusos.

"Parece-nos que há um pacto de silêncio entre a comunidade internacional em relação à Guiné-Bissau. Por isso, não é de estranhar que o silêncio da comunidade internacional seja algo que, digamos assim, premeia os atropelos, as violações graves dos direitos humanos, a destruição da democracia, do Estado de Direito", afirma.

A socióloga e ativista Luzia Moniz vai mais longe e questiona a própria utilidade da CPLP. Diz que, quando se trata de defender direitos humanos, a organização desaparece. E deixa um alerta: "É preciso transformar estas organizações, primeiramente, em organizações dos povos e não em clubes de chefes de Estado, que é o que acontece."

As críticas surgem na sequência da cimeira da CPLP realizada em Bissau, num contexto de crescente repressão e denúncias de autoritarismo no país.

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Braima Darame - Jornalista DW
Braima Darame Jornalista da DW África