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50 anos de independência: "Não queremos fome"

25 de junho de 2025

Moçambique celebrou hoje 50 anos de independência nacional. O Presidente da República, Daniel Chapo, destacou progressos em vários setores, mas reconheceu o grande desafio de conquistar a independência económica.

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Presidente moçambicano Daniel Chapo segura a chama da unidade nacional
Daniel Chapo: "Queremos que, nos próximos anos, cada moçambicano não passe fome por falta de alimentação adequada"Foto: DW

Cânticos, danças, teatro e música coloriram as celebrações dos 50 anos da independência nacional.

A cerimónia oficial decorreu no local onde, há 50 anos, foi proclamada a independência. Em 1975, dezenas de milhares de moçambicanos encheram o Estádio da Machava, arredores, no município da Matola. Este ano, muitos lugares ficaram vazios.

Durante o seu discurso, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, destacou a evolução do país nos últimos cinquenta anos. Mas reconheceu que ainda há falhas, que prometeu combater.

"Queremos que, nos próximos anos, cada moçambicano não passe fome por falta de alimentação adequada e em todo o momento que tiver necessidade", afirmou Chapo.

A luta valeu a pena?

"Queremos um Moçambique com população saudável suficientemente capacitada, principalmente a juventude e a mulher, participando de forma ativa na criação da riqueza e prosperidade para o país", acrescentou o chefe de Estado.

É também esse o entendimento do antigo combatente Carlos Silia – o país alcançou a independência política, mas falta a independência económica para acabar com a fome.

"Acabarmos com a fome, acabarmos com a pobreza, e todos os moçambicanos sentirem que lutaram e valeu a pena. Este país tem de encontrar patamares diferentes em que todos se sintam bem", sublinhou.

Os vários problemas no país

A propósito dos 50 anos de independência, a oposição recordou os "graves" problemas sociais no país, que persistem. São problemas que, segundo Albino Forquilha, presidente do partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), põem em causa os direitos económicos, sociais e culturais dos moçambicanos.

Ossufo Momade, o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), queixou-se das constantes "fraudes eleitorais".

"Como corolário de um percurso de meio século, Moçambique é um Estado falhado, por isso é um imperativo nacional conquistar a independência económica nos próximos 50 anos. Para o efeito, é fundamental a realização de eleições livres, justas e transparentes para permitir a alternância governativa", disse.

Outro problema crónico no país é a corrupção, apontou João Massango, presidente do Partido Ecologista – Movimento Terra.

50 anos depois: Será esta a independência prometida? 

O escândalo das "dívidas ocultas" teria destapado apenas parte do problema: "Uma das coisas que fez com que este país não desenvolvesse nos últimos 50 anos foram os níveis de corrupção protagonizados por indivíduos colocados ou escolhidos pela governação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)", acusa.

Luta contra a corrupção e o crime

O Estado prometeu tomar medidas a este respeito, mas tem sido difícil passar as promessas do papel para a prática.

O Presidente Daniel Chapo diz agora que pretende intensificar não só o combate à corrupção, como também ao crime organizado relacionado com os raptos e branqueamento de capitais. Exige também mais transparência na exploração dos recursos naturais.

"Para o alcance desse desiderato temos de vencer vários desafios, e o maior desafio é, sem margem de dúvidas, a paz e a segurança, em primeiro lugar", afirmou Chapo, sublinhando ainda o imperativo de lutar contra "a instabilidade em algumas zonas do nosso país devido a conflitos armados recorrentes e aos ataques de grupos terroristas."

Melhor educação

Durante as celebrações dos 50 anos de independência, Chapo salientou o aumento do número de escolas em Moçambique, para formar as gerações do futuro e desenvolver o país.

Porém, o político João Massango questiona a qualidade da educação. "Eu vou considerar que a nossa educação é de qualidade no dia em que os professores deixarem de fazer greve, no dia em que as nossas crianças deixem de estudar debaixo de uma árvore e as salas de aula deixem de ter 120 alunos", referiu.

A cerimónia dos 50 anos começou na Praça dos Heróis, onde também esteve pouca gente, terminando depois no Estádio da Independência.

A DW África celebra 50 anos: Parabéns para si!

Romeu da Silva Correspondente da DW África em Maputo